sexta-feira, 14 de novembro de 2008
Wake up
Enfim, esse pequeno nariz de cera só para dizer que eu fiz mais um, não resisti ao saudosismo. O mais engraçado é que ele veio no Facebook. É, eu também estou nessa rede social (assim como no Orkut, no Plurk, no Flickr, no Fotolog, no My Space, no Multiply e até no LastFM). Yeah, I'm a big fat nerd. Voltando ao que interessa, esse teste veio em espanhol, foi a Cris que mandou. E a pergunta era interessante: que tipo de banda indie eu sou?
Respondi as perguntas com seriedade, apesar de não entender muito o espanhol colocado nas perguntas e nas opções. Até que gostei do resultado: eu sou o Arcade Fire! A primeira coisa que eu fiz foi pegar o primeiro disco da banda, Funeral, e colocar para tocar no som. Já é mais de duas da manhã e eu deveria estar dormindo há um tempo, mas o calor brasiliense não deixa.
Nisso, foi inevitável lembrar do TIM Festival de 2005. Até hoje, o melhor festival que eu fui. Aquele ano teve um componente muito especial: duas das minhas bandas prediletas da safra 2000 - Strokes e Kings of Leon, nessa ordem - iam tocar na minha frente. Mas antes de chegar neles, eu tinha que passar por Mundo Livre, MIA e Arcade Fire. Tem um texto sobre o fim de semana em questão no meu antigo blog. É só clicar aqui.
Como sempre, eu estava em São Paulo para assistir o festival. Comigo a trupe de ufsquianos que tomou de assalto o mercado jornalístico paulistano. Todos esperavam o Strokes, tinham uma certa expectativa pelo Kings of Leon e acabava aí. Depois de Mundo Livre e MIA, todos nós fomos surpreendidos por oito loucos no palco, se revezando nos instrumentos e correndo, pulando, subindo, descendo de qualquer lugar disponível.
Eu sou chato para shows. Tenho a tendência de não gostar quando não conheço muito. Ou então não fazer questão de acompanhar. Esse dia foi diferente. Eu conhecia apenas uma música do Arcade Fire, Wake up. Foi com ela que os canadenses abriram a participação no TIM de São Paulo. Lembro bem das impressões que a banda me causou: espanto, assombro, curiosidade, êxtase. É, e isso tudo apenas em uma hora e conhecendo uma única canção...
Claro que quando voltei a Brasília minha primeira providência foi comprar o "Funeral". Mas, por mais que eu tenha boas lembranças desse dia e goste do disco, não me conformo com a descrição que o teste me deu: "Usted es una persona muy vulnerable. Sus estados de ánimo suelen variar desde lo más depresivo a una felicidad incomparable. La muerte le es cercana, pero no le teme. Le gusta el drama, le preocupan los problemas sociales y hay veces en que lo mejor es estar solo. 'Despierta'."
Metade verdade, metade falso. Às vezes eu penso ser feito de gelo de tanto que chamam de blasé. Então não confere o transtorno bipolar (hahaha). Que eu não temo a morte, isso é verdadeiro. Assim como sou até um pouco insensível quando ela acontece por perto. Drama? Não, odeio fazer e presenciar drama, tenho ojeriza momentânea de quem faz. Ah, deixa pra lá.
Tudo isso para dizer que eu lembrei do show fantástico do Arcade Fire em 2005, um dos melhores que eu fui na vida, por causa de um teste besta de internet. Como viaja o pensamento, caramba...
quarta-feira, 12 de novembro de 2008
Série A de Avaí
Aqui vai a íntegra:
Especial
Série A é "Coisa Feita", por Sérgio da Costa Ramos
O azul é a mais profunda das cores. Nele, o olhar mergulha sem encontrar qualquer resistência, perdendo-se até o infinito. O azul é o mais natural dos matizes, pois a cor nada mais é do que o reflexo do céu. O azul não é deste mundo. Sugere uma idéia de eternidade tranqüila e altaneira, que é "sobrenatural". O azul é a proximidade com Deus. Ou seja: O Senhor agora está bem representado na Série A.
No pico da Ilha Formosa
O ponto culminante do Brasil não é o Pico da Bandeira, em Roraima. Depois que a bandeira do Avaí foi içada nos altos do Morro da Lagoa da Conceição, ontem à noite, assim que o fuzileiro Evando despachou o Brasiliense, o novo cume de uma montanha brasileira passou a ser o Morro do Padre Doutor, a 450 metros de altura - no entorno do mais conhecido umbigo da Ilha - Avaiana.
Não há artigo mais procurado na praça. A bandeira do Avaí passou a ser um símbolo de vitória muito mais expressivo do que a própria "Stars and Strips Forever", fincada em 1945 num morro da árida ilha de Iwo Jima, ao sul do arquipélago japonês, no momento mais fotografado da Segunda Guerra Mundial.
Não se encontra mais em loja alguma esse véu azul e branco, amuleto da gloriosa epopéia da Batalha da Série A, ontem vencida, crismada e coroada pelos fuzileiros avaianos.
A mais bela conquista dos 85 anos do Avaí começou com uma derrota.
Em seis minutos, uma vitória por 2 a 1, que daria ao clube o título do primeiro turno do Estadual de 2008, transformou-se numa constrangedora derrota por 3 a 2, consumada pela Chapecoense, nesta mesma Ressacada que ontem se cobriu de glórias.
O primeiro sinal de que o ano seria diferente veio da torre de comando. O general João Nilson Zunino e seu Estado Maior, inconformados, saíram a campo em busca do comandante ideal - um homem que devolvesse o "panache" ao esquadrão de Adolfinho, Saul e Nizeta.O escolhido foi Silas Pereira e o eleito foi o Avaí. O ex-craque do São Paulo e da Seleção Brasileira entrou em campo para iluminar o caminho rumo à Série A - com poucas, porém certeiras contratações. E o estandarte azurra nunca mais conheceu o pó da derrota, pelo menos nas terras santas da Ressacada.
Ao final do segundo turno do Catarinense, o Avaí já era o melhor time de Santa Catarina e um dos melhores do sul do Brasil. Circunstância ignorada apenas pelos "encantadores" de arbitragens, Napoleões da esperteza que, cedo ou tarde, conheceriam o seu Waterloo.
Invicto, o Avaí foi "retirado" do campeonato, depois da sonegação de três pênaltis numa só partida. Pensando mais alto, sequer registrou o B.O. do furto qualificado.Jours de GloireNuvens mais altaneiras o esperavam. Uma campanha invicta até a nona rodada da Série B, revelava, ao cabo do primeiro turno, um competidor de elevado poder de fogo, a segunda força do campeonato, comparável apenas ao multimilionário projeto do Corinthians paulista.
Bem no meio da disputa, os obuses do inimigo abriram uma clareira nas formações azurras. Os inimigos comemoraram as "baixas".
O "mercado" e as chuteiras dos adversários desfizeram a dupla de ataque que disparava as granadas, em direção ao topo. Vandinho foi parar no Flamengo e Abuda na enfermaria.
Foi quando luziu a inspiração do Estado Maior azul. Uma nova dupla foi formada, com o poder de fogo de um general Patton, aliado ao general Zukov. Evando e William chegaram para restabelecer a pontaria, a partir da 17ª rodada. Então, "coisas inéditas", coisas que só o Avaí sabe fazer, começaram a se desatar no palco quase sempre encharcado da Ressacada. Com Eduardo Martini, Marquinhos, Evando & Cia, entraram em campo o Senhor dos Passos e Cruz e Sousa - avaianos de longa data, aliás, avaianos de "sempre".
O negro simbolista trouxe o "Vento Sul" - veterano artilheiro azurra - para tabelar com Evando e até com o goleiro Martini - autor de um gol eólico no jogo contra o Paraná, abertura do returno.
Era apenas a primeira de uma coleção de mágicas: elas foram inauguradas com o gol de bicicleta contra o Corinthians e o "lençol anfíbio" contra o Bahia - obras de Evando e Marquinhos. Mais o passe "Fui-Mas-Não-Fui", contra o Marília, abracadabra com a qual Evando colocou William na chamada "cara do gol".
Glória com chuva
Houve um momento que, aos adversários, juntou-se o mau tempo - e o Avaí teve que justificar o seu berço de luta. De haver nascido com o nome de uma batalha "dentro dágua". Contra o Paraná, Fortaleza, Bahia, Criciúma e Marília, o campo se transformou num brejo e o time foi obrigado a jogar pólo-submarino: venceu todas as partidas, com a garra e a mística do "Faz-Coisa".
Quando os próprios avaianos não sabem explicar as razões de sua glória, dentre tantas as que foram consagradas ao azurra, apelam para o velho misticismo de que "esse Avaí faz coisa".
Viver o sonho da Série A é um prematuro presente de Natal para avaianos "galáticos", como Saulzinho, Nizeta e Tullo Cavalazzi, irmão de outro inesquecível Cavalazzi, o endiabrado "Bitanha".
É uma homenagem a Zenon e sua refinada técnica. É uma lembrança do estilista Veneza, maior zagueiro que já vi jogar. É um cumprimento aos bravos Toninho e Juti, e, mais recentemente, um aceno ao craque Adilson Heleno.
É um agradecimento a Guga Kuerten, craque de outra bolinha, que, coroado Rei de Roland Garros, declarou à imprensa universal, olhos injetados de puro amor ao azul:
- Sou Avaí e o meu ídolo é o Jacaré!
Perfilou-se, então, para ouvir em pleno Bois-de-Bologne a "Marselhesa" dos hinos de clubes brasileiros - sim, em francês! Obra dos avaianos Fernando Bastos e Luiz Henrique Rosa, versão inspirada de José Bastos, em seu momento "Charles Aznavour":
À lîle charmante/Pleine de Grace/Léquipe pugnace/Ce peuple ces gens,/Emotion enrichie/Il n y a qun coeur /De mon Avai...
Avai, mon Avai
À lÎle tu es le Lion
Avai, mon Avai
Tu es déjà né champion...
É impossível contabilizar méritos neste momento de consagração. Mas há gerações de figuras alpinas neste Avaí guindado à Série A, depois de 85 anos. Há velhos Himalaias, como Amadeu Horn e Arnaldo Pinto de Oliveira, fundadores. Há Everests como Aderbal Ramos da Silva, Saul Oliveira, José Amorim e João Salum. Há a generosa entrega cardiovascular do sangue azul que habita as artérias dos irmãos Bastos, José e Fernando - a este creditado, sobretudo, a Marselhesa que enaltece o "Leão da Ilha Formosa". Há a devoção e a entrega de Flávio Félix, Campeão Brasileiro da Série C - um homem de estrela.
E há este incansável herói do presente, o presidente João Nilson Zunino, que contra todos os incréus, acaba de levar o Avaí à sua maior conquista e aos seus "jours de gloire": o acesso à Série A do futebol brasileiro.Recuso-me a continuar escrevendo. Vou me incorporar à próxima carreata - foguete no ar, bandeira na mão, o Avaí no coração.
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
Brincando mais uma vez de Nick Hornby
1- Johnny Cash - I walk the line
Single (1956)
Johnny Cash era, acima de tudo, um malaco. O homem de preto escrevia sobre cadeia, sobre brigas e sobre assuntos mais soturnos. Mas também sabia, como poucos na época, compor músicas que tocassem as pessoas pela simplicidade da melodia e pela letra direta, apaixonada e sem rodeios. Ouvir I walk the line é deixar entrar no sistema uma canção onde ele diz que, por causa da amada, consegue ser uma pessoa melhor. Mesmo que, quando o dia acabe, ele fique sozinho, mas a lembrança da amada o faz voltar para a linha. Não consigo imaginar um melhor elogio do que ouvir que, por causa de mim, você quer ser uma pessoa melhor. Aí eu lembro daquele diálogo entre Jack Nicholson e Helen Hunt em Melhor impossível. Ela pede um elogio e ele responde: "Você me faz querer ser um homem melhor". Uau.
Por que é linda? Porque ela me faz querer ter alguém para ser uma pessoa melhor.
2- Rolling Stones - Far away eyes
Disco: "Some girls" (1978)
Sim, eu sou fã dos Stones. Sinceramente, não sei como tem gente que curte rock e renega a banda. Talvez seja o efeito da vitalidade e dos péssimos discos lançados desde a década de 1980. Eu, por muito tempo, delimitei uma faixa temporal, que começava em 1966 ("Aftermath") e terminava em 1974 ("It's only rock'n'roll"). Isso durou até uns meses atrás, quando eu finalmente assisti Shine a light, o celebrado - e superestimado - documentário da banda assinado por Martin Scorsese. Lá no meio, Keith Richards deixa a guitarra de lado e assume o vocal. Começa então um country arrastado, bem lento, com steel guitar e tudo mais. Arrepios. Aí eu fui atrás de "Some girls" e estiquei a faixa até 1978, muito por causa dessa música. Jagger canta como se estivesse no Tennessee, forçando o sotaque red neck e a entonação. Tudo que ele quer é uma garota com olhos distantes, que vai consertar sua vida quando a maré de azar chegar e a sua vida não valer um centavo. A vida é uma merda, mas uma mulher assim pode melhorar tudo. E não é verdade?
Por que é linda? Porque dá esperança; afinal, é preciso achar uma garota que te coloque para cima. E a música remete a um dia feliz, dançando juntinho com a menina em um bar os velhos refrões que um velho ensinou.
3- Neil Young - Harvest moon
Disco: "Harvest moon" (1992)
São tantas lembranças que fica impossível não colocar Harvest moon nessa lista. Esse foi o primeiro disco do Neil Young que eu comprei, e até hoje o considero o melhor da minha (pequena) discografia do cara. Ele tem a manha de fazer álbuns de rock sujos, com uma pitada de country, e, de repente, lançar composições compostas em violão, em um clima acústico e sobre temas rurais, perfeito para ouvir com aquela garota ao lado. Obviamente o ponto alto é a música no meio das faixas 3 e 5. A levada de vassoura na bateria dita o ritmo, enquanto a guitarra dedilha as notas mais altas. E a letra não deixa barato. Realmente dá vontade de fazer o que ele diz. Pegar a amada, andar de mãos dadas e dançar um pouco somente com a luz da lua. Sentir a noite como se não houvesse mais nada além disso. Ah, e o maior prazer de todos é vê-la dançar.
Por que é linda? "I want to see you dance again / because I'm still in love with you / on this harvest moon", canta Young. Isso não é só amor; é admiração e idolatria também, na medida certa. Precisa mais?
4- Los Hermanos - Sentimental
Disco: "Bloco do eu sozinho" (2000)
Sempre que ouço esse disco, lembro do que o Upiara escreveu em uma edição do finado e-zine Cabron, que enviávamos por e-mail para umas centenas de pessoas uma ou outra vez por mês há uns seis ou sete anos. "Como sofre de amor esse tal de Los Hermanos!", sustentou Upiara no fim da resenha do "Bloco do eu sozinho". Não que a banda dos hits Anna Júlia e Primavera não fosse assim antes. Só que no primeiro disco tudo acabava disfarçado pelo estilo hardcore que a banda tentava adotar. Depois mudou, como mostra essa música. Sentimental sobe lentamente. Primeiro entra o piano, seguido da bateria e do dedilhar da guitarra. Vai assim até chegar na estrofe esgoelada, ferida e desesperada gritada por Rodrigo Amarante. Não tem esperança, não tem final feliz, não tem redenção. O amor também pode ser uma merda; basta não ser correspondido para saber como é.
Por que é linda? Porque é o perfeito caso onde letra e melodia se encontram. Ambas são melancólicas ao extremo - dá vontade de chorar ouvindo a agonia do Amarante -, mas conseguem escapar do pieguismo e de qualquer excesso.
5- Radiohead - House of cards
Disco: "In rainbows" (2007)
Rob Flemming perguntava se as pessoas eram miseráveis porque ouviam música pop ou se era o contrário. Aqui é mais um caso de uma música que trata de um amor não correspondido, de desilução. Mas o freak Thom York tem um jeito especial de transformar a saga de um cara apaixonado por uma mulher casada num libelo a favor da felicidade a partir de decisões extremas. O rapaz já chega dizendo que não quer amizade, quer um relacionamento amoroso. Não negue, beije seu marido e vá embora depois de jogar as chaves do pote. É como se York dissesse para as pessoas terem coragem de assumir o amor, mesmo que isso seja muito duro de fazer. Ela está no outro lado de Sentimental. Enquanto o Amarante se lamentava por ela não corresponder, aqui o Radiohead coloca o pé na porta e grita "denial, denial".
Por que é linda? Porque resgata a atmosfera perdida com o lançamento de "Kid A". E porque, desta vez, York foi direto ao ponto, sem precisar de árvores de plástico ou de lutar contra o carma da polícia.
domingo, 28 de setembro de 2008
Roubada
Na sexta-feira, toquei em uma festinha na casa de um amigo no Lago Sul. A idéia da festa, até onde sei, foi de outro brother. Quatro DJs rock'n roll, nada poderia dar errado. Ou não. Ninguém contava com a chuva e com o público do convescote. O agüaceiro de momentos antes da balada tirou a vontade de muita gente de sair. E, os que foram, parece que não gostavam de rock. Eu ouvi até um "toca Asa", a popular banda de axé Asa de Águia. Ouvi também "ah, eu deveria ter ido para o pagode, essa música não dá para dançar". Bom, dane-se. Valeu pelo convite, toquei minha seqüência para a galera que curte rock e coloquei o papo em dia com alguns amigos. No caminho, indo embora - não era nem 2h30 - mudei de idéia e me mandei para a Landscape, mesmo estando de plantão, para ver Ed, Zeca e Montana tocarem.
Ah, minha seqüência foi essa aqui:
1- Killers - Somebody told me
2- Kaiser Chiefs - Everyday I love you less and less
3- Metric - Dead disco
4- Rapture - Whoo alright!
5- Bloc Party - Banquet
6- Kings of Leon - Molly's chambers
7- Strokes - Last nite
8- Vampire Weekend - A-punk
9- Talking Heads - Psycho killer
10- Supergrass - Alright
11- Backbeat Band - Please mr. postman
12- Blur - Song 2
13- Peter Bjorn & John - Young folks
14- Franz Ferdinand - Fire
15- The Rakes - 22 grand job
16- Red Hot Chili Peppers - Suck my kiss
17- Silversun Pickups - Well thought out twinkles
Obs.: eu sei que o Leandro vai me chamar de estrelinha, hehe. Mas enfim, acontece. Tens crédito velho - especialmente depois da Pool party -, é só chamar que tô lá com a mochila cheia de discos. Só não mais na QI 23, 7, 7, ok?
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
Metal é a lei?
O mau-humor tava grande depois de só ter dormido três horas. Se foi isso, não contei. A insônia da madrugada de segunda-feira foi braba. Acordei, voltei a dormir, olhei no relógio e tava atrasado demais. Deixo a cafeteira trabalhando enquanto tomo banho e me arrumo. Termino tudo e coloco o iPod em volume máximo no ouvido. Ao invés do shuffle de sempre, decido colocar Tenacious D para tocar.
Além da descoberta de que a banda do Jack Black e do Kyle Gass é capaz de transformar o humor mais cinzento em tranqüilidade, como eu disse no Plurk, comecei a relacionar cinema e música por causa de uma determinada música: The metal. Tenacious D é quase uma banda fictícia. Eles brincam com os clichês do heavy metal ao mesmo tempo que homenageam seus ídolos.
É como assistir Shaun of the dead, que aqui no Brasil recebeu o tosco título de Todo mundo quase morto. A sátira é altamente respeitosa, coisa que só um fã faria. Na hora, foi impossível não relacionar com a brincadeira do Hermes e Renato, que criaram o Massacration. Tá, eles também são fãs de heavy metal, tanto que a banda tem feito shows pelo país inteiro, os caras sabem tocar e mostram conhecimento.
Mas enquanto o Tenacious D diz que você não pode matar o metal, Massacration apela para os clichês de não usar bermuda. Se um é Shaun of the dead, o outro é Todo mundo em pânico. Enquanto um usa piadas mais sofisticadas, o outro apela para o riso fácil. Cada um na sua, ambos têm espaço. E com seu prazo de validade também.
Planet earth is blue and there's nothing I can do
Do http://colunistas.ig.com.br/lucioribeiro:
"Nesta quarta-feira à noite, a banda americana Offspring disse 'sim' sobre sua escalação no próximo festival Planeta Terra, que acontece no dia 8 de novembro, na Vila dos Galpões, em São Paulo. Eu achava que era a organização do Terra que estava com a decisão, mas a confirmação veio, mesmo, da banda. Embora já tenha “passado” de ser uma atração superimportante, o grupo punk californiano tem sua relevância no rock e faz um show divertido. Mas o fato é que seu ingresso no line-up do PT, obviamente no Main Stage, pode prestar um bom serviço para o Indie Stage, o palco dois.
É que com a entrada do Offspring no palcão pode empurrar a ótima banda inglesa Bloc Party para um show mais, hum, intimista no palco indie. O palco principal deve ser composto por Jesus & Mary Chain, Offspring, Kaiser Chiefs, Mallu Magalhães, Curumin e outros. O palco indie deve ter, assim, Breeders, Bloc Party, Animal Collective, Spoon, Foals, aparentemente. Vamos aguardar. Mas esse palco indie está ficando de dar inveja ao… ao… Reading Festival."
O meu ingresso tá na mão desde a semana passada. Passagens aéreas compradas, pouso definido e folga negociada no trampo. Tudo certo para esse que deve ser um dos melhores festivais de rock a rolar no Brasil nos últimos tempos. Por enquanto, similar na escalação só o TIM Festival de 2005. Aquele fim de semana fantástico em SP mereceu um texto aqui ó.
terça-feira, 26 de agosto de 2008
The evil of the thriller
Quem me conhece sabe que eu adoro o gênero, desde os psicológicos até os de zumbis, passando pelos B e sobrenaturais. Então veja bem: essa listinha não tem nada de objetiva. São apenas pensamentos e sensações ao ver as fitas. Ah, também não vai ter ordem, eles estão aqui aleatoriamente formando meu top 5 (afinal, as listas de Rob Flemming tem apenas cinco itens).
5- O massacre da serra elétrica
(The Texas chainsaw massacre, 1974. Direção: Tobe Hopper)
Ele começa com a produção do filme avisando que a história é real e que teria acontecido anos antes nos EUA. Claro, depois de assistir, você sabe que tudo aquilo ali é ficção, baseado muito de leve na história do Ed Gain, serial killer norte-americano do início do século passado. O massacre da serra elétrica é o grande filme do sub-gênero slasher, aquele em que um assassino sai matando todos que vê pela frente da maneira mais sádica possível.
4- A noite dos mortos-vivos
(Night of the living dead, 1968. Diretor: George A. Romero
O grande mérito do Romero é ter conseguido com essa singela fita formar um outro sub-gênero dos filmes de terror: o de zumbis. A pretensão inicial era bem menor: o que ele queria mesmo era fazer um libelo contra o preconceito usando mortos-vivos. De Resident evil a Extermínio, passando por Zombie strippers e Boy eats girl, nenhum deles existiria se não fosse por Romero. É um dos filmes que eu deixo no topo da prateleira, volta e meia pego para assistir. Indispensável.
3- O bebê de Rosemary
(Rosemary's baby, 1968. Diretor: Roman Polasnki)
Obra-prima do terror psicológico. Não vemos nada, não ouvimos nada. Mas o roteiro, os closes, as sombras e a crescente loucura da personagem principal fazem o clima do filme aumentar a cada minuto. Polanski acertou na mão. E ainda, no fim, deixa uma mensagem que já virou chavão: amor de mãe supera tudo. Mesmo que a criança seja filho do coisa ruim.
2- O iluminado
(The shining, 1980. Diretor: Stanley Kubrick)
A Regina escreveu bem: ele é uma obra muito mais kubriquiana do que kinguiana. As diferenças entre filme e livro se acentuam a partir da metade de cada um. É como se Kubrick e Stephen King tivessem pego bifurcações que os levassem cada vez mais longe um do outro. Para mim, claro, o cineasta entrou na estrada certa. Ele mostra Jack Torrance cada vez mais como vítima do seu meio, enlouquecendo pela pressão de estar isolado no Overlook Hotel em pleno inverno. A cena que eu mais gosto é a de Nicholson arrombando a porta do quarto com o machado, enquanto grita as frases do lobo mau para os três porquinhos e termina com o "here's Johnny".
1- A profecia
(The omen, 1976. Diretor: Richard Donner)
MEDO. Esse é o filme mais assustador de todos os tempos. O que dizer do menino, quase sem falas e que assusta todo mundo. A cena final, depois da dúvida de quem morre, é de arrepiar. Já perdi as contas de quantas vezes vi a fita. Mesmo assim, toda vez levo sustos e mais sustos. O que Donner fez está além das palavras.
sábado, 19 de julho de 2008
It's all part of the plan
quarta-feira, 16 de julho de 2008
domingo, 29 de junho de 2008
Comanda 083
A Landscape sempre foi o nosso Central Perk (copyright Zé). O lugar onde nos encontrávamos para, antes de tudo, colocar o papo em dia. A quantidade de conversas bagaceiras, desabafos, tirações de sarro e até brigas não está no gibi. Por isso, havia uma certa melancolia no ar na última noite. Brasília é pródiga para o rock alternativo. Ainda mais para pessoas chatas como nós, que mais reclamamos do que elogiamos. Gate's é pop demais, Galleria é trash demais. Nunca ficamos satisfeitos.
Casa lotada na noite de ontem. Na fila, o que mais se falava era sobre o fechamento da Lands. Sobrou até para o Arruda e o decreto que limitou o funcionamento dos bares por causa do barulho. Durante a festa, ouviu-se algumas vezes um coro de "Bosco, Bosco". Primeiro na hora que o Lago Norte ficou sem luz por alguns minutos. Depois, na hora que a festa foi interrompida para o sorteio de um iPod Shuffle.
Vieram três números antes de sortearem a comanda 083. Justamente a minha, que a única rifa que ganhei foi uma toalha do Fisk quando fazia inglês lá. Claro que eu fiquei surpreso. A noite, que já estava divertida, ficou mais legal ainda. A música, durante toda festa, não foi lá essas coisas. Aposto que o repertório na Joselito tava bem melhor. Mas isso foi um detalhe. O importante era pagar a última comanda na Landscape.
sábado, 28 de junho de 2008
Crianças, isso é só o fim
Em São Paulo, eu, Dilson e Upiara vivíamos no Matrix, birosca rock'n roll na Vila Madelena. Lugar escuro, um clima meio ZL, mas tava valendo. Sempre tocava as coisas que a gente gostava de ouvir, as meninas eram interessantes e tinha boa cerveja a um preço honesto. O Matrix não acabou, só não é mais o mesmo. A última vez que fui lá, em agosto do ano passado, tive medo. O som continuava o mesmo, rolando todas as canções que nós gostamos. Só que as pessoas não eram mais as mesmas. Era uma balada de mano mala. Fiquei triste, nunca mais voltarei.
Não sei por quê mas não consigo me lembrar a primeira vez que fui à Landscape. Recordo da segunda. Era uma festa da turma que viria a me acolher no meio do cerrado: Bode Velho, Ronaldo e Thiago comandando as carrapetas. Casa vazia até sei lá que horas. Eu subo para o mezanino e fico lá colocando o papo em dia com a Flávia, que teve uma passagem meteórica por Brasília. Quando descemos, a pista bombava ao som do melhor rock'n roll. Foi paixão à primeira vista.
Gradualmente a Landscape virou a minha segunda casa. Ainda mais depois que eu me mudei para o fim da Asa Norte, e fiquei a cinco minutos do lugar. Nem que fosse lá só para reclamar das músicas, não descer para a pista, ficar bebendo cerveja e jogando papo fora. Fiquei amigo do Bosco, da Carmen, do Clodoaldo, de todos que fizeram a birosca andar e transformar o underground brasiliense. Foram três anos fantásticos, o maior tempo que uma boate rock'n roll durou na capital, segundo o Bode.
Por mais que fosse ao Matrix quase todo fim de semana, e tivesse presenciado vários shows no Bar do Franck, nenhum deles se compara à Landscape. Combinação perfeita entre pessoas, som e bebidas. O verdadeiro lugar do caralho. Ontem, Bode Velho manda um e-mail dizendo que o Bosco decidiu fechar o lugar e que a última festa acontecerá hoje, com o povo da Indiecent e o Bezzi (sim, o cara da música do CSS). Não vou aqui discutir os motivos, cada um sabe o que faz, mas me senti um tanto órfão.
Toda a turma estará lá hoje para se despedir da Landscape. Será uma noite que ninguém quer que acabe. Depois, a partir de domingo, estaremos todos perdidos nas noites sujas de Brasília. E que o deus metal nos proteja.
E agora?
encerramento das atividades
Viemos comunicar que o projeto Landscape Bar, posteriormente Landscape Pub encerra suas atividades a partir deste final de semana. Estamos aqui pedindo desculpas primeiramente aos produtores que tinham suas festas agendadas, mas contamos com a sua compreensão e a de todo o público que fiel e guerreiro sempre apoiou os eventos realizados naquele local; Que hoje conta com o documento oficial de funcionamento (alvará), essa é uma luta de todos nós da cena alternativa a vontade de se ter um espaço que lutou ardúamente noites e dias pela a permanencia deste. Uma vez mais fica aqui o agradecimento aos produtores e público pela a iniciativa pioneira de união em prol da música inteligente. Contaremos com a festa de despedida contida nos sites: www.landscapepub.com.br ou www.indiecentmusic.comBrasília, sexta-feira 27 de junho de 2008.
Bosco"
segunda-feira, 16 de junho de 2008
Imagem é tudo?
Keith Richards, na última edição da revista Uncut, especial David Bowie, ao citar uma grande música do cantor. O cara pode até ter cheirado as cinzas do pai, mas continua tendo a manha. E dá para relacionar com tudo que acontece na música hoje: o importante é parecer, e não ser.
Panis et circenses
Sexta-feira, Espaço Galleria, um antigo puteiro transformado em boate, voltada mais para o público gay. Vou lá conferir a festa com uma amiga. Lugar lotado, fila até sei lá que horas da madrugada. Mais ou menos 90% dos que estão lá são homens, a grande maioria gays. Tem alguns heteros procurando mulheres descoladas e liberais por lá. Afinal, é notório: os gays sabem melhor do que ninguém como fazer festas. Entre os leilões - parecia que eu estava assistindo o Canal Rural -, muita música ruim. Ruim mesmo, de É o Tchan a Rouge, passando por Mamonas Assassinas e outras porcarias.
No dia seguinte, fui para minha segunda casa. Chegando a Landscape, o Bosco, dono do lugar mais legal de Brasília, me recepciona com a alegria de sempre. E solta um "pô Marão, tavas sumido, tem tempo que não apareces". É, devia fazer uma semana que eu não ia lá... Enfim, festinha anos 80, comandada por um chapa. Os momentos mais cheios da pista eram justamente aqueles da parte ruim da década perdida. Quando tocava a parte boa, dava uma esvaziada legal. Talvez por isso que a qualidade tenha ficado entre o começo da festa, quando tinham poucas pessoas por lá, e o final.
Pelo que vi nas duas festas, o público não quer rock de qualidade. As festas que enchem aqui em Brasília ou são para uma galera fashionista ou então para quem não tem gosto. Aí só me faz crer que o estilo realmente está morrendo. Nem as festas do Cult 22, dos heróicos Marcos Pinheiro e Abelardo, enche como anos atrás. Olha que eu nem sou radical. Gosto de investir em mashups quando comando as carrepetas, e tocar umas coisinhas diferentes de tempos em tempos. Sem exageros. Apesar do Ronaldo e do Thiago reclamarem de vez em quando.
Ah, eu me diverti à valer nas duas festas, mesmo sem ter sintonia com o que tocava. Na primeira por conta das situações hilárias que presenciei - o leilão foi uma delas -, e na segunda por estar com meus amigos. Mas bastou uma vez, não vai rolar repeteco em nenhuma das duas. E por conta de um fator bem básico: eu preciso do old fashioned rock'n roll na veia. Se a música está boa, o resto não importa. Nessas horas é que dá uma saudade incrível de São Paulo e suas várias opções. E um alívio por não morar mais em Florianópolis e os covers de Creedance.
domingo, 15 de junho de 2008
quarta-feira, 4 de junho de 2008
Muito espaço para nada
Como no fim de Starway to heaven, it makes me wonder: quem tem tempo pra tudo isso? Comecei ouvir rock'n'roll quando tinha 11 anos. Meu primeiro álbum foi "Appetite for destruction", do Guns 'n Roses, gravado em uma fita cassete. Dali não parei. Comprei muitos vinis até 1992, 93, quando ganhei um daqueles 4 em 1 - rádio, cassete, vinil e cd - da Philips. Para entrar na onda tecnólogica e pensar na música como arquivo, levou 16 anos.
Quando comecei a ter acesso à internet em casa, em 2000, a conexão era discada e baixar um arquivo mp3 levava a madrugada inteira. Então, o mp3 servia como uma espécie de teaser; ouvia a música e compraria o disco depois, caso gostasse. Se não, ela ficaria largada em uma pasta do Windows para todo o sempre (ou até o HD dar pau). Quando vim para Brasília, fiquei sem internet até o início desse ano. Então foram três anos me desintoxicando da dependência da rede.
O problema é que o vício volta. Meu índice de leitura caiu novamente, assim como o de filmes vistos. Porém, algumas coisas não mudam. Apesar de quase ninguém baixar apenas uma música - já que as conexões estão mais rápidas e o BitTorrent é uma beleza -, não consigo ser aquele heavy user de músicas na rede. Não se enganem, eu vivo com o iPod ligado quando não estou em casa ou trabalhando. Mas não substituí ainda o arquivo pelo pacote CD, caixinha e encarte.
A relação, claro, é emocional. Ainda mais quando chegamos a um ponto onde a qualidade da música está cada vez pior. E eu não estou falando de bandas, e sim da qualidade de gravação. Para deixar os discos cada vez mais altos, já que muitos ouvem a partir de caixinhas de computador, os engenheiros de som têm aplicado a compressão dinâmica, que reduz a diferença entre os sons mais altos e mais suaves de uma canção. Para saber mais, veja aqui.
A minha relação com a música é de amor. Presto atenção nos detalhes, nos ruídos, nos efeitos. Disseco o encarte, leio as participações e os agradecimentos. Escolho aqueles que são bons para fazer companhia na leitura, para o banho antes de ir para o trabalho ou para as festinhas rock 'n roll. E tudo isso eu gosto de fazer no meio físico, com os CDs. Ok, posso ser um tanto antiquado nisso, apesar de conviver bem com as tecnologias.
Mas, pra mim, apesar de ter toda a rede à disposição, continuo do mesmo jeito: usando os mp3s como teasers. Se baixo e gosto, compro. Se não, deixo ali largado. Tem outra coisa. Eu gosto de entrar numa loja, tipo a Cultura ou a FNAC, e perder algumas horas fuçando nas prateleiras. Me interesso pela capa, coloco para ouvir. Passo pelo nome, lembro da dica do jornal e coloco para ouvir. Depois, ou volta para a prateleira ou vai para o caixa. E para o iPod.
sexta-feira, 30 de maio de 2008
Das favoritas de tocar
Adoro o shuffle do iPod: é uma emoção a cada música (haha). Com mais de 400 canções guardadas no aparelhinho da Apple, sempre rola a expectativa de qual será a próxima. Por conta do mecanismo, descobri seqüências improváveis que combinam bastante, apesar de não parecer. Voltava para casa ontem à noite, com o iPod me trazendo boas surpresas. Até que entra aquela introdução lenta e dedilhada, com a letra "I'm so happy 'cause today I found my friends" apareceu...
A partir desse trecho, uma sucessão de lembranças foi desencadeada. Tanto que até esqueci um pouco de prestar atenção em Lithium, uma das minhas músicas prediletas do disco do Nirvana que salvou a minha vida (que o deus metal não sabia disso). Até mesmo por causa da sua característica Pixies - entrada lenta, refrão rápido e barulhento -, ela sempre me chamou a atenção. Mesmo com o tema forte, já que lítio é usado em tratamento de depressão, essa é a música mais pop de "Nevermind".
A primeira lembrança foi do documentário sobre "Nevermind" na série Classic albuns. Em determinado momento, um crítico de música diz que ficou abismado ao ver o público responder tão bem à toda aquela melancolia em uma melodia pop e alegre. Era pura contradição em acordes. Imediatamente fui transportado para a festa de ano novo que fizemos na Landscape, quando coloquei essa música para tocar. É uma das que eu faço questão que role nas baladinhas rock'n'roll. Para sempre ver a mesma cena: todos abraçados durante "I'm so happy cause today I found my friends, they're in my head".
quinta-feira, 29 de maio de 2008
Insônia
Claro que seria mais fácil deixar um bloquinho e uma caneta na cabeceira. Mas aí, depois que as palavrinhas estão juntas e fazendo sentido - qualquer que ele seja -, parece que não valem mais para o blog. Uma vez, durante uma viagem em 2002, fiz isso. Ao chegar em casa, fui digitá-las em outro blog que eu tinha. A sensação era, olhando tudo aquilo com outra cabeça, em outro momento, era de que elas não faziam mais sentido. Enfim, em julho farei isso. Ou não. Vai depender de quando eu sair daqui.
Até lá, muitas providências terão de ser tomadas. Quebrar contrato, mudar o endereço das correspondências, pesquisar preço de móveis, colocar meu nome em outras contas, encaixotar uma porrada de coisas. Quando me mudei para Brasília, vim com duas malas e uma caixa com livros. Ao chegar na Asa Norte, eram três malas e oito caixas. Tirando coisas como fogão, máquina de lavar e televisão, imagino que a conta vai dobrar. Dá-lhe disposição para encaixotar tudo. Bom, como sempre, vou deixar tudo isso para a última hora. Por enquanto, deixa eu fritar na cama.
segunda-feira, 26 de maio de 2008
Da prateleira de filmes
Dirigido por Danny Boyle, o filme mostra o que acontece com a Inglaterra 28 dias depois de uma epidemia de raiva ter se alastrado entre a população. Caos, mortes, terror e abandono. Vinte e oito dias depois, o personagem Jim acorda dentro de um hospital. Ele não faz idéia do que aconteceu. Então ele começa a vagar pela Londres vazia. A cena impressiona. A escolha de planos abertos só reforça a sensação de solidão. A cidade abandonada, carros batidos, lixo pelo chão. Ele encontra dinheiro na rua e recolhe tudo, sem fazer idéia que nada daquilo será útil.
Essa é uma das minhas duas cenas favoritas no filme. A outra, lá pela metade da fita, é a única verdadeiramente feliz em Extermínio. Junto a três outros sobreviventes, Jim saqueia um supermercado, escolhe comida que não precisa ser cozinhada e bebidas. Estocam o suficiente para sobreviver pelos próximos dias. Durante os poucos minutos de tomada na loja, fica no fundo uma das melhores músicas do Grandaddy, A.M. 180.
Extermínio muitas vezes é confundido com filmes de zumbis, assim como Resident evil. Seguindo os preceitos do mestre Romero, zumbis são mortos-vivos, que morreram e recuperaram as funções motoras, mas são incapazes de ter qualquer tipo de sentimento ou consciência. Seus movimentos são lentos, seguem apenas a fome por carne humana. No filme inglês, eles são rápidos e violentos, como cães raivosos. O filme de Boyle, assim como os de zumbs, estão entre os prediletos da casa. Impossível não se divertir com eles. Seja um trash que passa na tv a cabo ou a sátira respeitosa feita por malacos ingleses.
sexta-feira, 23 de maio de 2008
Memória musical
Em 30 de abril de 2005, publiquei no blog antigo uma resenha do segundo disco do Kings of Leon, recém lançado no Brasil naquela época. A banda me conquistou assim que "Youth and man manhood" chegou às lojas do mundo inteiro. O riff e o refrão de Molly's chambers foram fundamentais para que eu me apaixonasse pela banda logo de cara. A estréia dos caras era fantástica, uma sucessão de rocks clássicos bem executados e empolgantes.
Já "Aha shake heartbreak", segundo disco, não seguia o exemplo do primeiro. Apesar de ser muito bom, boa parte das músicas eram mais arrastadas e melancólicas. Resultado, provavelmente, do tempo que os garotos ficaram em turnê pelos Estados Unidos e pela Europa. No texto abaixo eu menciono as mudanças nas letras e que todas as influências conhecidas ainda eram perfeitamente reconhecíveis.
Meses depois, em outubro, eu encarava uma viagem de Brasília a São Paulo para vê-los junto com Strokes e Arcade Fire (que eu nem conhecia na época) na perna paulista do TIM Festival. Muitos esperavam uma presença de palco similar àquelas bandas de hard rock farofa, que correm para cima e para baixo do palco. Como guris ainda conhecendo as coisas, não se mexiam. Limitaram-se a executar quase perfeitamente todo o set daquela noite de domingo - exceção a Molly's chambers, que abriu o show em marcha lenta.
"Os reis do rodeio
Três irmãos, filhos de um reverendo da igreja Protestante, e um primo decidem montar uma banda. Colocar em melodias tudo que eles ouviram durante toda a infância e início de adolescência. Muito Creedance Clearwater Revival, muito Rolling Stones, muito AC/DC. Chega a ser surpreendente, já que esses meninos todos nasceram entre meados da década de 1980 e o início da de 1990. O mais imaginável seria que eles ouvissem bandas do movimento grunge, alguma coisa de indie. Ou, o mais provável, que se entupissem de new metal e outras coisas do gênero.
Em setembro de 2003 lançaram o primeiro disco. Era uma época em que ainda ensaiavam escondido dos pais. Imagina se um reverendo iria gostar de ver seus filhos tocando a música do diabo! 'Youth & man manhood' foi recebido com um tanto de indiferença nos Estados Unidos. Mas na Inglaterra foi diferente. Assim como tinha acontecido com R.E.M., Nirvana e uma mão cheia de outras bandas, os ingleses reconheceram o talento dos moleques nascidos em Nashville, Tennessee.
Os irmãos Caleb (22 anos, voz e guitarra), Jared (17 anos, baixo) e Nathan (24 anos, bateria), além do primo Matthew (19 anos, guitarra), todos com o sobrenome Followill, com o novo disco, 'Aha shake heartbreak', provavelmente não conquistar novos fãs. Não existem coisas novas. E também não tem uma música que tenha a força que Molly's chambers tinha no primeiro álbum. Mas também não perder aqueles que já gostam do quarteto. As influências estão todas ali. Uma pitada de Creedance, um pouquinho de Stones, um vocal que às vezes lembra o falecido Bon Scott, do AC/DC.
A grande diferença está nas letras. A turnê de 18 meses que os guris fizeram os proporcionou ver coisas que nunca imaginaram. Se antes as letras de 'Youth & man manhood' eram inocentes e falavam sobre assuntos que eles apenas poderiam imaginar, agora o negócio é pra valer. Como fazer sexo com uma prostituta de 17 anos (Slow night, so long), por exemplo. 'Nós escrevemos sobre coisas neste disco que nós estamos envergonhados, dizemos coisas que normalmente não dizemos. Têm canções sobre brigas, algumas sobre amores e outras sobre transas', diz Caleb Followill, impregnado pela culpa protestante, no site oficial da banda. 'Nós definitivamente não somos as mesmas pessoas de 18 meses atrás.'
Esse é provavelmente o ponto alto do disco. Sem supresas, sem um hit potencial - os destaques ficam para King of the rodeo, Razz, Day old blues e Velvet snow -, as letras acabam se sobressaindo. É a prova da evolução. Uma evolução lenta, segura e gradual. E naquela prova do 'segundo álbum', o Kings of Leon se deu bem. Se não surpreendeu, se não inovou, pelo menos não perdeu a mão para fazer boas canções de rock'n'roll. Não caíram numa de não querer se lembrado, de querer ser esquecido. E perderam a inocência de moleques do interior, que é uma coisa boa."
terça-feira, 20 de maio de 2008
O velho e o novo
Sinceramente, não sei dizer o por quê de ter mudado mais uma vez. Só sei que cansei do antigo endereço, no zip.net. Mas, como foram quatro anos na antiga casa, o arquivo vai ficar por lá. Eventualmente, postarei os textos velhos por aqui. Afinal de contas, eu abri o Desabafos regados a Malboro e Coca-Cola quando saí de Florianópolis e me mudei para São Paulo. Registrava a minha transformação de um legítimo manezinho da Ilha provinciano em um cara mais esperto. Ou não.
Depois, todas as frustrações, medos, arrependimentos, derrotas e vitórias em Brasília. Desde os primeiros dias, quando morava em uma pensão da W3 Sul, até a viagem com amigos para ver o Interpol em Belo Horizonte (o post derradeiro). O novo vai mostrar uma nova fase na capital do país. Eu me sentindo como um cidadão brasiliense, sem esquecer da minha origem, da Trindade, da Lagoa da Conceição, da Ressacada.
Espero que essa fase dure por muito tempo.