Júpiter Maçã e Wander Wildner me ensinaram que um lugar para ser do caralho tem que ter gente legal, um som legal e cerveja barata. Em Florianópolis, tínhamos o Bar do Franck, em frente à Lagoa da Conceição e toda a beleza natural da Ilha de Santa Catarina. Wander, por sinal, tomou um banho de lagoa em uma madrugada de agosto de um ano que não lembro após seu primeiro show na capital dos catarinenses. Um delegado odiava tanto o lugar - "que só tinha gente feia", segundo ele - que não descansou enquanto não fechou o bar. Conseguiu.
Em São Paulo, eu, Dilson e Upiara vivíamos no Matrix, birosca rock'n roll na Vila Madelena. Lugar escuro, um clima meio ZL, mas tava valendo. Sempre tocava as coisas que a gente gostava de ouvir, as meninas eram interessantes e tinha boa cerveja a um preço honesto. O Matrix não acabou, só não é mais o mesmo. A última vez que fui lá, em agosto do ano passado, tive medo. O som continuava o mesmo, rolando todas as canções que nós gostamos. Só que as pessoas não eram mais as mesmas. Era uma balada de mano mala. Fiquei triste, nunca mais voltarei.
Não sei por quê mas não consigo me lembrar a primeira vez que fui à Landscape. Recordo da segunda. Era uma festa da turma que viria a me acolher no meio do cerrado: Bode Velho, Ronaldo e Thiago comandando as carrapetas. Casa vazia até sei lá que horas. Eu subo para o mezanino e fico lá colocando o papo em dia com a Flávia, que teve uma passagem meteórica por Brasília. Quando descemos, a pista bombava ao som do melhor rock'n roll. Foi paixão à primeira vista.
Gradualmente a Landscape virou a minha segunda casa. Ainda mais depois que eu me mudei para o fim da Asa Norte, e fiquei a cinco minutos do lugar. Nem que fosse lá só para reclamar das músicas, não descer para a pista, ficar bebendo cerveja e jogando papo fora. Fiquei amigo do Bosco, da Carmen, do Clodoaldo, de todos que fizeram a birosca andar e transformar o underground brasiliense. Foram três anos fantásticos, o maior tempo que uma boate rock'n roll durou na capital, segundo o Bode.
Por mais que fosse ao Matrix quase todo fim de semana, e tivesse presenciado vários shows no Bar do Franck, nenhum deles se compara à Landscape. Combinação perfeita entre pessoas, som e bebidas. O verdadeiro lugar do caralho. Ontem, Bode Velho manda um e-mail dizendo que o Bosco decidiu fechar o lugar e que a última festa acontecerá hoje, com o povo da Indiecent e o Bezzi (sim, o cara da música do CSS). Não vou aqui discutir os motivos, cada um sabe o que faz, mas me senti um tanto órfão.
Toda a turma estará lá hoje para se despedir da Landscape. Será uma noite que ninguém quer que acabe. Depois, a partir de domingo, estaremos todos perdidos nas noites sujas de Brasília. E que o deus metal nos proteja.
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