terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Trama de uma temporada


O vício em séries é tão grande que, de uns tempos para cá, eu costumo fazer um exercício mental para tentar advinhar se um programa vai vingar ou não. A partir da trama apresentada no primeiro episódio, gosto de imaginar suas ramificações, o que pode crescer, o que pode ser dispensado. Uma coisa eu descobri: quanto mais geral for o plot, melhor. Se ele couber em uma linha, a probabilidade de a série vingar é grande.

Normalmente, tramas muito elaboradas sofrem para ter continuação. Muitas vezes o que poderia render um ótimo filme ou uma minissérie é alongado para 12, 14, 20 episódios. Depois, os roteristas se viram nos 30 tentando imaginar soluções para uma trama mal concebida. Como alguém, por exemplo, nunca imaginou que Prison break não tinha fôlego para mais de uma temporada decente? (Pô, irmão vai preso para salvar irmão já preso a fugir...)

Outro exemplo foi a célebre Twin Peaks. Quem não lembra da famosa pergunta "quem matou Laura Palmer". Ao fim da primeira temporada, o telespectador já tinha a resposta, assim como o agente do FBI Dale Cooper. Por conta do sucesso, David Lynch e sua turma decidiram produzir uma segunda temporada, com 22 episódios. Era melhor ter ficado com os oito iniciais.

Bom, essa introdução foi necessária por conta da série que acabei de assistir a primeira temporada. Vencedora do Globo de Ouro de melhor série de drama, Homeland é bem interessante. Quase como uma versão feminina de 24 horas. Só que, aqui, a personagem Carrie Mathison (Claire Danes, espetacular no papel) é uma analista de campo, trata com informações, sem ser "operacional" como era Jack Bauer.

O pano de fundo é o mesmo: terrorismo. Enquanto Jack tinha 24 horas para resolver determinada situação - o que sempre acontecia depois de um enorme rastro de sangue ter ficado para trás -, Carrie encuca com um sargento fuzileiro naval que é encontrado após oito anos desaparecido no Iraque. A frase da propaganda entrega: "The nation sees a hero. She sees a threat" (A nação vê um herói, ela vê uma ameaça).

Antes de entrar mais na série, já adianto que vão rolar spoilers aqui. Se não assistiu ainda e não quer saber, vá para outra página. :)

Voltando, desde o começo fiquei com o plot martelando na cabeça. Da frase, pode-se tirar algumas possibilidades. A primeira é a mocinha, depois de muita dificuldade, sangue, suor e lágrimas conseguir comprovar sua tese e desmascarar o agora terrorista. A segunda é o inverso: o convertido é bem sucedido no ataque e a agente da CIA perde tudo. Optou-se por um misto. Apesar de o atentado planejado não funcionar, ele continua na sua missão.

Porém, a personagem de Claire Danes (de novo, sensacional, Globo de Ouro de melhor atriz mais que merecido) tem tantas perdas que fica difícil imaginar uma segunda temporada para ela. Vítima de transtorno bipolar, ela consegue esconder da agência sua condição por um bom tempo, até que uma operação vai mal e ela quase é explodida pelos ares. A partir daí, a carreira dela acaba, ela é internada e decide passar por um tratamento nada banal.

A demissão dela da CIA é irreversível; com o tratamento escolhido, sua memória vai para a cucuia. Enquanto isso, o sargento terrorista pavimenta sua campanha política e sua proximidade com o vice-presidente dos EUA. Por mais que a série tenha me intrigado e mexido comigo 0 gostei mesmo - acho muito difícil que a segunda temporada venha boa. Talvez seja como a já citada Prison break: uma temporada e já esgota.

A partir de outubro, quando estreia a segunda temporada no canal norteamericano Showtime, é que saberemos. Confesso que estou curioso para saber o que os roteiristas vão inventar para o destino de Carrie Mathison.

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