segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Bom para você!

A decisão de parar de beber veio da necessidade de perder peso e baixar radicalmente o colesterol, não necessariamente nesta ordem. Precisava ser feito e pronto. O último dia que bebi foi o seguinte ao meu aniversário. Durante a noite de 9 de julho e a madrugada de 10 de julho, segurei e emborquei as últimas gotas de Heineken. Tava decidido, ia parar de beber.

Primeiro, tinha colocado como meta ficar sem beber até a viagem a São Paulo em novembro para a maratona de shows. Mudei de ideia e pus a nova meta a virada do ano. 2011 passou e eu continuo só na água com gás. As primeiras saídas foram difíceis. É ruim ficar sem ter algo para segurar em uma festa, mas o pior é não ter o fator desinibidor que a cerveja propicia.

O mau humor era grande, qualquer coisa irritava. Para compensar, a quantidade de cigarro aumentou demais. Em uma noitada, fumava fácil um maço, um maço e meio. Um absurdo, chegava a ter ressaca de nicotina no dia seguinte. Aos poucos, consegui normalizar a quantidade de cigarro até parar. Estou desde 26 de novembro sem acender um único Marlboro.

Tem sido engraçado (só que não) ver a reação das pessoas quando digo que parei de beber. A reação é sempre de espanto. Já ouvi que sou um alienígena por não beber; disseram que, por estar sóbrio, deixava as pessoas que bebiam desconfortáveis e inibidas. A pergunta mais comum é "quando voltas a beber". Depois de seis meses sem colocar uma única gota de álcool na boca, ouvi pela primeira vez um "que bom para você".

Enquanto todo mundo faz festa porque parei com o cigarro, muita gente se espanta com o fato de ter parado de beber. Sendo pragmático, acabar com a bebida faz muito mais sentido financeiramente do que com o cigarro. Isso por gostar de cervejas de alta fermentação, bem mais caras do que as pilsen encontradas em qualquer birosca.

O que me chateia é a imensa hipocrisia que faz as pessoas condenarem o cigarro e glorificarem a bebida. Dados da ONU apontam que o uso abusivo do álcool resulta, anualmente, em 2,25 milhões de mortes. Quanto ao tabaco, mata 5,1 milhões anualmente. Ok, o cigarro mata mais. Mas será que nessa estatística entram as pessoas mortas no trânsito por conta de um motorista bêbado? Da mulher que apanha todo dia até morrer do marido alcoolatra?

Ninguém vai ver a seguinte manchete: "Motorista que fumou demais atropela mulher grávida no reveillon". Mas com certeza lerá algo similar com álcool. Se não conseguiu entender meu ponto de vista até agora, então, vai lá: eu posso (ênfase no condicional) morrer por conta do cigarro. É o meu corpo, é o meu direito de escolha. Agora, dificilmente o meu vício terá uma repercussão na vida dos outros da forma que o álcool tem.

Um comentário:

Freire disse...

Diminuí consideravalmente o consumo de álcool a partir de 2008, quando a Lei Seca passou a valer. E, desde abril do ano passado, quando nasceu meu filho, praticamente parei. Só bebo quando não dirijo e olhe lá. Vou te falar: no começo era foda, justamente pelos motivos que você colocou aí. Mas depois o cara se acostuma. Sem contar que o sono fica melhor e no dia seguinte você está zerado. Passo tranquilamente uma noite no bar só na Coca-Cola.

O cigarro eu nem lembro mais quando abandonei. Deve fazer uns 3 anos já.