segunda-feira, 16 de junho de 2008

Panis et circenses

Neil Young canta que o rock'n roll não pode morrer nunca. Ele parece ser a exceção, já que outros artistas que transitam pelo gênero - como Marilyn Manson e Lenny Kravitz, para citar exemplos recentes -, dizem que o rock já era. Por mais que eu seja um fã de música, duas festas que fui no fim de semana me levaram à seguinte conclusão: o público médio não quer qualidade. Aprontam-se no melhor estilo, mas, na hora de dançar, vale qualquer coisa.

Sexta-feira, Espaço Galleria, um antigo puteiro transformado em boate, voltada mais para o público gay. Vou lá conferir a festa com uma amiga. Lugar lotado, fila até sei lá que horas da madrugada. Mais ou menos 90% dos que estão lá são homens, a grande maioria gays. Tem alguns heteros procurando mulheres descoladas e liberais por lá. Afinal, é notório: os gays sabem melhor do que ninguém como fazer festas. Entre os leilões - parecia que eu estava assistindo o Canal Rural -, muita música ruim. Ruim mesmo, de É o Tchan a Rouge, passando por Mamonas Assassinas e outras porcarias.

No dia seguinte, fui para minha segunda casa. Chegando a Landscape, o Bosco, dono do lugar mais legal de Brasília, me recepciona com a alegria de sempre. E solta um "pô Marão, tavas sumido, tem tempo que não apareces". É, devia fazer uma semana que eu não ia lá... Enfim, festinha anos 80, comandada por um chapa. Os momentos mais cheios da pista eram justamente aqueles da parte ruim da década perdida. Quando tocava a parte boa, dava uma esvaziada legal. Talvez por isso que a qualidade tenha ficado entre o começo da festa, quando tinham poucas pessoas por lá, e o final.

Pelo que vi nas duas festas, o público não quer rock de qualidade. As festas que enchem aqui em Brasília ou são para uma galera fashionista ou então para quem não tem gosto. Aí só me faz crer que o estilo realmente está morrendo. Nem as festas do Cult 22, dos heróicos Marcos Pinheiro e Abelardo, enche como anos atrás. Olha que eu nem sou radical. Gosto de investir em mashups quando comando as carrepetas, e tocar umas coisinhas diferentes de tempos em tempos. Sem exageros. Apesar do Ronaldo e do Thiago reclamarem de vez em quando.

Ah, eu me diverti à valer nas duas festas, mesmo sem ter sintonia com o que tocava. Na primeira por conta das situações hilárias que presenciei - o leilão foi uma delas -, e na segunda por estar com meus amigos. Mas bastou uma vez, não vai rolar repeteco em nenhuma das duas. E por conta de um fator bem básico: eu preciso do old fashioned rock'n roll na veia. Se a música está boa, o resto não importa. Nessas horas é que dá uma saudade incrível de São Paulo e suas várias opções. E um alívio por não morar mais em Florianópolis e os covers de Creedance.

6 comentários:

Roneba disse...

Pois você deveria ter feito o contrário e ter ido para a Landscape na sexta. Estou com o pescoço doendo até agora de tanto que bati cabeça!

Mário Coelho disse...

Rapaz, foi uma experiência antropológica altamente válida. Agora posso falar mal com mais propriedade.

=)

Ana Clara disse...

Vem pra cá então ué! Quero ver!
E coitado do Credence, não merecia covers. Há
:)

Felipe disse...

Você está equivocado. Não tem nenhuma festa do Cult 22 (repare bem, não tô falando do Idéia Nova nem do Anjos da Noite) que não tenha dado pelo menos 350 pessoas nos últimos 4 anos. Elas SEMPRE lotam, o que prova que o rock tem sempre um público muito cativo.

Agora, querer fazer festa rock and roll na landscape e querer que encha sempre é demais. Aquilo ali é muito contra-mão. É um lugar "zicado".

E no dia 28 você vai ver o que é uma festa rock and roll lotando. Vou tocar "The Trooper". Dessa vez não passa.

Mário Coelho disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Mário Coelho disse...

Eu conto todas as festas com a marca Cult 22, até mesmo a Joselito que teve no ano passado. Descontando a do blog, o aniversário da Carol Caraballo e a última, na Landscape, todas tiveram públicos médios. Por isso que eu disse que não enche mais como tempos atrás.

Outra coisa: eu tomo como parâmetro todas as festas rock de Brasília, não apenas a Landscape. Coloca na conta o Espaço Galleria e outras sazonais. Agora, não pode reclamar que é contramão, bicho. A Lands fica a 10 minutos de qualquer lugar no Plano Piloto, a 20 das quadras mais distantes do Lago. Acho que é o hábito brasiliense de ter tudo perto.

Eu mesmo era acostumado a percorrer um caminho considerável para sair pra balada. Isso em Florianópolis, claro. E nem vou citar São Paulo, porque não dá para comparar com nada no país. Ah, e o lugar é tão zicado que todas as festas da Indiecent, que não rola rock - pelo menos aquele que a gente gosta -, sempre abarrotam. Eu nem acho que todas devem lotar. Só é uma constatação de que o público rock em Brasília está em extinção.

Não duvido que a festa do blog vai lotar. Mas tenho minhas dúvidas se todos aqueles que irão ao Gate's são fãs de rock'n roll. Aposto a unha do mindinho que é minoria.

Quanto ao Iron, acho que seria mais legal tocar "Rime of the ancient mariner". hehehe

=)