quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Uma boa cidade para passar as férias

Em um intervalo de sei lá quantos anos, duas frases dizem muito sobre a minha relação com Florianópolis. Nascido na Carmela Dutra, morando a vida inteira na Trindade, estudando no Coração de Jesus e depois na UFSC, fazendo o possível e o impossível para estar em todos os jogos do Avaí, nunca passou pela minha cabeça sair da cidade e ir morar em outro lugar. Isso mudou. Dos tempos que eu costumava afirmar que "não podemos viver os sonhos dos professores" a ouvir que tinha perdido o meu "aspecto provinciano", muita coisa aconteceu. E toda vez que volto à capital de todos os catarinenses eu me lembro porque aqui me sinto como um visitante, para depois de um tempo ficar ansioso para voltar para minha casa no planalto central.

Não concordo com a frase cada vez mais repetida por aqui, "eu moro onde você passa férias". Ela é usada geralmente como legenda de alguma foto de alguma bela imagem de Florianópolis. Claro que dá uma invejinha de quem pode morar em uma cidade com tantas belezas, sejam elas naturais ou do seu povo. Porém, o dito provicionismo, aquele que eu mesmo tinha, apaga um pouco a imagem boa da capital. A falta de opções culturais reais, de boas livrarias, de bons cinemas, o trânsito cada vez mais caótico, os preços cada vez mais exorbitantes, tudo isso faz com que a inveja logo passe e se transforme em alívio.

Veja bem, isso sou apenas eu. Minha relação com a cidade mudou radicalmente. Daquela pessoa que nunca queria sair daqui, que nunca viveria o sonho dos professores - época da UFSC, quando os mestres nos aconselhavam a sair de Florianópolis para ter uma carreira -, pouco resta. Gosto de passar um tempo aqui, aproveitar a família e reencontrar os amigos. Porém, esse clima de praia me dá preguiça... Junta com tudo que escrevi no segundo parágrafo e não vejo a hora de voltar para Brasília. Maluco eu? Talvez um pouquinho, nada além do normal. :)

2 comentários:

Upiara B. disse...

É como eu te disse lá no Blues. A gente acabou invertendo os papéis que nos desenharam e desenhamos na UFSC. Enquanto você dizia que não queria sair da Ilha para viver o sonho dos professores, eu vivia falando em São Paulo, Brasília e o escambau.

Cá estamos, invertidos e sem frustrações. A vida é uma coisa louca.

=)

Mário Coelho disse...

Realmente, a vida é louca e, ao mesmo tempo, doce. Como diria Zé Pagodinho, deixa a vida me levar! :)