"O tempo passa, o tempo voa, mas a poupança Bamerindus continua numa boa." Realmente, o tempo passa muito rápido. A vida é um sopro, como disse Niemeyer. Tanto que o banco da propaganda não existe há muito tempo, assim como o contexto de inflação galopante inserido na peça publicitária. E tudo passa tão rápido que nem parece que há 20 anos o Nirvana lançou o que foi (talvez) o último disco a mudar o cenário da música mundial.
Foi um segundo semestre de1991 prolífico: além de "Nevermind", teve o "Blood sugar sex magic", do Red Hot Chili Peppers, e "Ten", do Pearl Jam. Enquanto o disco do RHCP saiu no mesmo dia do álbum do Nirvana, a estreia de Eddie Vedder e companhia chegou às lojas dos EUA um mês antes. Mas estava escrito nas estrelas (hehehe) que seria Kurt, Krist e Dave os caras responsáveis por virar a indústria musical de cabeça para baixo.
Chega de contexto histórico, este texto não é sobre isso; é da minha relação com "Nevermind". Lembro bem da primeira vez que ouvi falar em Nirvana. Alguns meses depois do lançamento nos EUA, conversava com um amigo por telefone. Devia ser janeiro ou fevereiro de 1992. Ele sempre passava as férias no Rio de Janeiro e voltava com as novidades do que estava rolando para a roça que Florianópolis era na época. Ele não parava falar do Nirvana, do clipe de Smells like teen spirit, o quanto aquilo era legal, que já tinha aprendido a tocar um trecho no violão. Tínhamos 12 anos na época, começando a ouvir rock'n'roll, sem as facilidades de hoje... Naquela época, minha principal fonte de informação era a finada e saudosa revista Bizz. Eu tinha lido sobre o Nirvana, a resenha de Nevermind tinha saído numa edição anterior. Mas a única imagem que eu tinha dos caras era a capa do disco, não fazia ideia de como a banda soava.
Depois de um tempo de espera, consegui comprar o vinil. Era impressionante tudo aquilo... Um mundo novo se abriu pra mim, um garoto que começava a ouvir rock e se inclinava mais para o heavy metal. Digo jocosamente que "Nevermind" me salvou; se não fosse por ele, seria metaleiro até hoje. Claro que existe muita romantização aí, sem muito rigor histórico. Ao mesmo tempo que me abriu uma nova gama de bandas (todas aquelas do grunge), continuei ouvindo metal, coisa que faço até hoje.
O que mais me impressiona no disco é que ele não soa datado. Nunca saberemos se Kurt queimou toda sua criatividade em "Nevermind", como alguns gostam de dizer. Mas olha, serviu para ficar entre os melhores de todos os tempos, junto com "Back in black", "London calling", "Revolver" e "Let it bleed". Quer companhia melhor do que essa?
Para relembrar, a música que mais gosto de todo o disco: