sábado, 24 de dezembro de 2011

1991 foi um ano bom

Tinha 12 anos quando comecei a ouvir música com mais atenção. Sinceramente, não poderia ter escolhido ano melhor. Até então, meu aparelho de som conhecia basicamente uma fita cassete com a gravação de "Appetite for destruction", o primeiro disco do Guns'n'Roses. Ouvi aquela Basf mal gravada até dizer chega. Tanto que até hoje, passadas duas décadas, ainda sei as 12 músicas da estreia da banda de Axl Rose de cor.

Tava aqui relembrando de alguns discos que foram lançados em 1991. O "Nevermind" mereceu um post à parte por aqui. Forçando a memória, eu lembro bem que "Blood sugar sex magic" e "Ten" foram lançados na mesma época. Assim como o álbum preto do Metallica. Aí olhando na Wikipedia, vi outros lançamentos que me marcaram de uma maneira ou de outra. "Loco live" foi a minha porta de entrada para o Ramones, uma das minhas bandas prediletas de todos os tempos.

Apesar de muita gente preferir o "Superunknown", eu sempre gostei mais do "Badmotorfinger", terceiro disco do Soundgarden. Tinha aquele vinil que rolava o lado A sem parar, especialmente entre as faixas Rusty cage, Outshined e Jesus Christ pose. Como livros, filmes e qualquer outra forma de arte, a música tem seu tempo para passar a fazer sentido e entrar na vida de alguém. Outros dois discos de 1991 tiveram esse efeito em mim.

Mesmo conhecendo muito tempo depois, "Leisure" virou meu disco predileto do Blur. É sempre a ele que recorro quando quero ouvir a banda. Ou quando quero tocar algo numa festa. Já não aguento Song 2 e boa parte de "Blur", o primeiro CD deles que comprei. O outro é "Out of time", do REM. Losing my religion tocava o tempo todo na MTV, mas confesso que não dava muita bola para aquele cara com o rosto furado que dançava estranho no clipe. Depois que fui entender e me ligar como aquilo era bom!

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Um livro por minuto

Eu sou louco por livros, por livrarias, por sebos. Além de visitar com frequência os bons comércios da capital, gosto também de fazer uma ronda quando vou a outras cidades. Por sorte, termina hoje a Feira do Livro de Florianópolis. Eu estou tão desconectado das notícias que nem sabia que estava rolando. E olha que a minha orientadora tinha comentado quando a visitei no início da semana! Nem me toquei do que ela estava falando...

Só vi que estava rolando porque passei pelo centro histórico de Florianópolis na quarta de manhã. Parei o carro longe de onde deveria estar; por isso, acabei trombando com a estrutura de lona que abriga os estandes de livrarias e editoras. Não sei se é minha memória afetiva ou se o mercado encolheu demais. Eventualmente pipocam notícias dizendo que o mercado literário está aquecido (ah os termos de economistas), que as vendas são boas, etc. Não é o que pareceu na Feira do Livro.

Boas opções para crianças e para adolescentes. Desde livros para os pequenos aprenderem o alfabeto pintando (comprei um para a sobrinha/afilhada) até os recentes romances água com açúcar sobre vampiros e lobisomens não faltam. No entanto, foi um tanto difícil achar algo para mim. Nada parecia muito atraente. De qualquer maneira, consegui levar dois livros que devem render boas leituras. Um deles eu já tinha visto, o outro era novidade.

Mas o melhor foi a conversa com um dos atendentes do estande onde fiz minhas compras. Eu queria saber do A privataria tucana, do ex-colega Amaury Ribeiro Jr. Após me contar uma história que parecia saída de um livro de John Grisham ("o Serra comprou toda a primeira edição. O FHC vai comprar toda a segunda para ninguém ler"), veio o lamento: "Todo ano tem um livro que salva o Natal. Este ano era este".

Para ter uma ideia, o vendedor me disse que em Florianópolis apenas a Livraria Catarinense conseguiu umas cópias. Foram 60, todas vendidas em um intervalo de uma hora. Um livro por minuto. Caramba, a Geração Editorial deve estar rindo à toa. "Aqui você não vai conseguir esse livro. Eu vou tentar, eu quero ler e vender. Nem que seja uns dez livros", disse o vendedor. Para ler, ele disse que vai baixar na internet. Mas que vai continuar ma busca para render uns trocados, isso ele vai.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Uma boa cidade para passar as férias

Em um intervalo de sei lá quantos anos, duas frases dizem muito sobre a minha relação com Florianópolis. Nascido na Carmela Dutra, morando a vida inteira na Trindade, estudando no Coração de Jesus e depois na UFSC, fazendo o possível e o impossível para estar em todos os jogos do Avaí, nunca passou pela minha cabeça sair da cidade e ir morar em outro lugar. Isso mudou. Dos tempos que eu costumava afirmar que "não podemos viver os sonhos dos professores" a ouvir que tinha perdido o meu "aspecto provinciano", muita coisa aconteceu. E toda vez que volto à capital de todos os catarinenses eu me lembro porque aqui me sinto como um visitante, para depois de um tempo ficar ansioso para voltar para minha casa no planalto central.

Não concordo com a frase cada vez mais repetida por aqui, "eu moro onde você passa férias". Ela é usada geralmente como legenda de alguma foto de alguma bela imagem de Florianópolis. Claro que dá uma invejinha de quem pode morar em uma cidade com tantas belezas, sejam elas naturais ou do seu povo. Porém, o dito provicionismo, aquele que eu mesmo tinha, apaga um pouco a imagem boa da capital. A falta de opções culturais reais, de boas livrarias, de bons cinemas, o trânsito cada vez mais caótico, os preços cada vez mais exorbitantes, tudo isso faz com que a inveja logo passe e se transforme em alívio.

Veja bem, isso sou apenas eu. Minha relação com a cidade mudou radicalmente. Daquela pessoa que nunca queria sair daqui, que nunca viveria o sonho dos professores - época da UFSC, quando os mestres nos aconselhavam a sair de Florianópolis para ter uma carreira -, pouco resta. Gosto de passar um tempo aqui, aproveitar a família e reencontrar os amigos. Porém, esse clima de praia me dá preguiça... Junta com tudo que escrevi no segundo parágrafo e não vejo a hora de voltar para Brasília. Maluco eu? Talvez um pouquinho, nada além do normal. :)