sexta-feira, 30 de maio de 2008

Das favoritas de tocar

Adoro o shuffle do iPod: é uma emoção a cada música (haha). Com mais de 400 canções guardadas no aparelhinho da Apple, sempre rola a expectativa de qual será a próxima. Por conta do mecanismo, descobri seqüências improváveis que combinam bastante, apesar de não parecer. Voltava para casa ontem à noite, com o iPod me trazendo boas surpresas. Até que entra aquela introdução lenta e dedilhada, com a letra "I'm so happy 'cause today I found my friends" apareceu...

A partir desse trecho, uma sucessão de lembranças foi desencadeada. Tanto que até esqueci um pouco de prestar atenção em Lithium, uma das minhas músicas prediletas do disco do Nirvana que salvou a minha vida (que o deus metal não sabia disso). Até mesmo por causa da sua característica Pixies - entrada lenta, refrão rápido e barulhento -, ela sempre me chamou a atenção. Mesmo com o tema forte, já que lítio é usado em tratamento de depressão, essa é a música mais pop de "Nevermind".

A primeira lembrança foi do documentário sobre "Nevermind" na série Classic albuns. Em determinado momento, um crítico de música diz que ficou abismado ao ver o público responder tão bem à toda aquela melancolia em uma melodia pop e alegre. Era pura contradição em acordes. Imediatamente fui transportado para a festa de ano novo que fizemos na Landscape, quando coloquei essa música para tocar. É uma das que eu faço questão que role nas baladinhas rock'n'roll. Para sempre ver a mesma cena: todos abraçados durante "I'm so happy cause today I found my friends, they're in my head".


quinta-feira, 29 de maio de 2008

Insônia

Tomei uma decisão. Na minha próxima casa, a internet será wireless. Claro que protegida por diversas senhas, para que ninguém roube a minha conexão. Quando me mudar para o suvaco da asa, deixarei o notebook ao lado da cama. Tenho sofrido diaramente com insônia, só consigo dormir tarde e às vezes perco o horário do trabalho. Mas, enquanto tô lá fritando na cama, já passaram pela minha cabeça uma série de posts legais, que poderiam abastecer esse blog por alguns dias. E é claro que eu esqueci todos.

Claro que seria mais fácil deixar um bloquinho e uma caneta na cabeceira. Mas aí, depois que as palavrinhas estão juntas e fazendo sentido - qualquer que ele seja -, parece que não valem mais para o blog. Uma vez, durante uma viagem em 2002, fiz isso. Ao chegar em casa, fui digitá-las em outro blog que eu tinha. A sensação era, olhando tudo aquilo com outra cabeça, em outro momento, era de que elas não faziam mais sentido. Enfim, em julho farei isso. Ou não. Vai depender de quando eu sair daqui.

Até lá, muitas providências terão de ser tomadas. Quebrar contrato, mudar o endereço das correspondências, pesquisar preço de móveis, colocar meu nome em outras contas, encaixotar uma porrada de coisas. Quando me mudei para Brasília, vim com duas malas e uma caixa com livros. Ao chegar na Asa Norte, eram três malas e oito caixas. Tirando coisas como fogão, máquina de lavar e televisão, imagino que a conta vai dobrar. Dá-lhe disposição para encaixotar tudo. Bom, como sempre, vou deixar tudo isso para a última hora. Por enquanto, deixa eu fritar na cama.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Da prateleira de filmes



Esses dias, em plena madrugada, vejo o aviso na televisão: o filme não é recomendado para menores de 16 anos por conter cenas de sexo e violência. Claro que a classificação indicativa me faz manter a escolha do canal por mais alguns minutos. Bastou a primeira cena para prender definitivamente minha atenção por quase duas horas. A Globo tinha programado para transmitir, na madrugada de sábado, um dos melhores filmes de terror/catástrofe dos últimos tempos: Extermínio.

Dirigido por Danny Boyle, o filme mostra o que acontece com a Inglaterra 28 dias depois de uma epidemia de raiva ter se alastrado entre a população. Caos, mortes, terror e abandono. Vinte e oito dias depois, o personagem Jim acorda dentro de um hospital. Ele não faz idéia do que aconteceu. Então ele começa a vagar pela Londres vazia. A cena impressiona. A escolha de planos abertos só reforça a sensação de solidão. A cidade abandonada, carros batidos, lixo pelo chão. Ele encontra dinheiro na rua e recolhe tudo, sem fazer idéia que nada daquilo será útil.

Essa é uma das minhas duas cenas favoritas no filme. A outra, lá pela metade da fita, é a única verdadeiramente feliz em Extermínio. Junto a três outros sobreviventes, Jim saqueia um supermercado, escolhe comida que não precisa ser cozinhada e bebidas. Estocam o suficiente para sobreviver pelos próximos dias. Durante os poucos minutos de tomada na loja, fica no fundo uma das melhores músicas do Grandaddy, A.M. 180.

Extermínio muitas vezes é confundido com filmes de zumbis, assim como Resident evil. Seguindo os preceitos do mestre Romero, zumbis são mortos-vivos, que morreram e recuperaram as funções motoras, mas são incapazes de ter qualquer tipo de sentimento ou consciência. Seus movimentos são lentos, seguem apenas a fome por carne humana. No filme inglês, eles são rápidos e violentos, como cães raivosos. O filme de Boyle, assim como os de zumbs, estão entre os prediletos da casa. Impossível não se divertir com eles. Seja um trash que passa na tv a cabo ou a sátira respeitosa feita por malacos ingleses.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Memória musical


Em 30 de abril de 2005, publiquei no blog antigo uma resenha do segundo disco do Kings of Leon, recém lançado no Brasil naquela época. A banda me conquistou assim que "Youth and man manhood" chegou às lojas do mundo inteiro. O riff e o refrão de Molly's chambers foram fundamentais para que eu me apaixonasse pela banda logo de cara. A estréia dos caras era fantástica, uma sucessão de rocks clássicos bem executados e empolgantes.


Já "Aha shake heartbreak", segundo disco, não seguia o exemplo do primeiro. Apesar de ser muito bom, boa parte das músicas eram mais arrastadas e melancólicas. Resultado, provavelmente, do tempo que os garotos ficaram em turnê pelos Estados Unidos e pela Europa. No texto abaixo eu menciono as mudanças nas letras e que todas as influências conhecidas ainda eram perfeitamente reconhecíveis.

Meses depois, em outubro, eu encarava uma viagem de Brasília a São Paulo para vê-los junto com Strokes e Arcade Fire (que eu nem conhecia na época) na perna paulista do TIM Festival. Muitos esperavam uma presença de palco similar àquelas bandas de hard rock farofa, que correm para cima e para baixo do palco. Como guris ainda conhecendo as coisas, não se mexiam. Limitaram-se a executar quase perfeitamente todo o set daquela noite de domingo - exceção a Molly's chambers, que abriu o show em marcha lenta.


"Os reis do rodeio

Três irmãos, filhos de um reverendo da igreja Protestante, e um primo decidem montar uma banda. Colocar em melodias tudo que eles ouviram durante toda a infância e início de adolescência. Muito Creedance Clearwater Revival, muito Rolling Stones, muito AC/DC. Chega a ser surpreendente, já que esses meninos todos nasceram entre meados da década de 1980 e o início da de 1990. O mais imaginável seria que eles ouvissem bandas do movimento grunge, alguma coisa de indie. Ou, o mais provável, que se entupissem de new metal e outras coisas do gênero.

Em setembro de 2003 lançaram o primeiro disco. Era uma época em que ainda ensaiavam escondido dos pais. Imagina se um reverendo iria gostar de ver seus filhos tocando a música do diabo! 'Youth & man manhood' foi recebido com um tanto de indiferença nos Estados Unidos. Mas na Inglaterra foi diferente. Assim como tinha acontecido com R.E.M., Nirvana e uma mão cheia de outras bandas, os ingleses reconheceram o talento dos moleques nascidos em Nashville, Tennessee.

Os irmãos Caleb (22 anos, voz e guitarra), Jared (17 anos, baixo) e Nathan (24 anos, bateria), além do primo Matthew (19 anos, guitarra), todos com o sobrenome Followill, com o novo disco, 'Aha shake heartbreak', provavelmente não conquistar novos fãs. Não existem coisas novas. E também não tem uma música que tenha a força que Molly's chambers tinha no primeiro álbum. Mas também não perder aqueles que já gostam do quarteto. As influências estão todas ali. Uma pitada de Creedance, um pouquinho de Stones, um vocal que às vezes lembra o falecido Bon Scott, do AC/DC.

A grande diferença está nas letras. A turnê de 18 meses que os guris fizeram os proporcionou ver coisas que nunca imaginaram. Se antes as letras de 'Youth & man manhood' eram inocentes e falavam sobre assuntos que eles apenas poderiam imaginar, agora o negócio é pra valer. Como fazer sexo com uma prostituta de 17 anos (Slow night, so long), por exemplo. 'Nós escrevemos sobre coisas neste disco que nós estamos envergonhados, dizemos coisas que normalmente não dizemos. Têm canções sobre brigas, algumas sobre amores e outras sobre transas', diz Caleb Followill, impregnado pela culpa protestante, no site oficial da banda. 'Nós definitivamente não somos as mesmas pessoas de 18 meses atrás.'

Esse é provavelmente o ponto alto do disco. Sem supresas, sem um hit potencial - os destaques ficam para King of the rodeo, Razz, Day old blues e Velvet snow -, as letras acabam se sobressaindo. É a prova da evolução. Uma evolução lenta, segura e gradual. E naquela prova do 'segundo álbum', o Kings of Leon se deu bem. Se não surpreendeu, se não inovou, pelo menos não perdeu a mão para fazer boas canções de rock'n'roll. Não caíram numa de não querer se lembrado, de querer ser esquecido. E perderam a inocência de moleques do interior, que é uma coisa boa."

terça-feira, 20 de maio de 2008

O velho e o novo

Pois é. Esse deve ser o meu quarto ou quinto endereço de blog. Se você digitasse micjunior alguma coisa, provavelmente acertaria em algum momento. O endereço mudou mas a proposta não. Continuam os mesmos desabafos, sempre regados a Malboro. Coca-Cola eu parei, nem refrigerante eu compro mais. Em casa, só água e leite.

Sinceramente, não sei dizer o por quê de ter mudado mais uma vez. Só sei que cansei do antigo endereço, no zip.net. Mas, como foram quatro anos na antiga casa, o arquivo vai ficar por lá. Eventualmente, postarei os textos velhos por aqui. Afinal de contas, eu abri o Desabafos regados a Malboro e Coca-Cola quando saí de Florianópolis e me mudei para São Paulo. Registrava a minha transformação de um legítimo manezinho da Ilha provinciano em um cara mais esperto. Ou não.

Depois, todas as frustrações, medos, arrependimentos, derrotas e vitórias em Brasília. Desde os primeiros dias, quando morava em uma pensão da W3 Sul, até a viagem com amigos para ver o Interpol em Belo Horizonte (o post derradeiro). O novo vai mostrar uma nova fase na capital do país. Eu me sentindo como um cidadão brasiliense, sem esquecer da minha origem, da Trindade, da Lagoa da Conceição, da Ressacada.

Espero que essa fase dure por muito tempo.